Perez e Zerá – Um Marcado e o Outro Escolhido

A história de Pérez e Zerá está registrada no Livro de Gênesis 38.1-30, e envolve personagens centrais como Judá e sua nora Tamar. À primeira vista, esse episódio pode parecer um escândalo familiar em meio à narrativa patriarcal. No entanto, esta passagem revela lições poderosas sobre a graça divina, a justiça de Deus, e a forma surpreendente como Deus cumpre Seus propósitos eternos, mesmo em meio ás falhas humanas.


O Enredo Bíblico (Gênesis 38:1-30)

Judá, um dos doze filhos de Jacó, teve três filhos: Er, Onã e Selá (Gn 38:1-5). Seu primogênito, Er, casou-se com Tamar, mas por ser mau aos olhos do Senhor, foi morto por Deus (Gn 38:6-7). Segundo a lei do levirato, Onã, o irmão, deveria dar descendência ao falecido, casando-se com Tamar. No entanto, ele recusou-se a cumprir seu dever (Gn 38:8-10), e também morreu como juízo divino.

Com receio de perder também Selá, Judá prometeu dar-lhe Tamar quando crescesse, mas não cumpriu. Tamar, percebendo a injustiça, disfarçou-se como prostituta cultual e ficou à beira do caminho. Judá, sem reconhecê-la, teve relações com ela, deixando como penhor seu selo, cordão e cajado (Gn 38:12-18). Tamar engravidou.

Quando foi descoberta grávida, Judá ordenou que fosse punida por imoralidade (Gn 38:24). Mas ao mostrar os objetos que pertenciam a ele, Judá reconheceu sua culpa e declarou:


“Ela é mais justa do que eu”  (Gênesis 38:26).


O Nascimento de Pérez e Zerá

Durante o parto, Zerá estendeu a mão, e a parteira amarrou um fio escarlate em sua mão para indicar o primogênito. Porém, ele recuou, e Pérez nasceu primeiro. A parteira exclamou:


“Como rompeste? Sobre ti rompeu a rotura!” (Gn 38:29)


Assim, ele recebeu o nome Pérez, do hebraico פֶּרֶץ (Peretz), que significa “aquele que rompe” ou “faz uma abertura”. Zerá, escrito em hebraico como זֶרַח (Zerach), significa “nascer do sol” ou “alvorecer”.


Lições que podemos extrair dessa história

1. O Triunfo da Graça sobre o Pecado

Apesar do pecado de Judá e da situação controversa, Deus transforma erro em bênção. Tamar foi injustiçada, mas Deus a honrou com filhos que teriam papel crucial na história da salvação. A Bíblia mostra que Pérez é incluído na genealogia de Jesus Cristo, conforme Mateus 1:3, e se torna ancestral do rei Davi.


"Onde abundou o pecado, superabundou a graça" (Romanos 5:20)


2. A Igreja dos Primogênitos

Pérez, que nasceu de forma improvável, rompendo as expectativas, recebeu a bênção da primogenitura. Isso aponta profeticamente para a Igreja, que hoje é chamada de "igreja dos primogênitos" (Hebreus 12:22-23), composta por aqueles que, em Cristo, recebem herança, realeza e sacerdócio.

Assim como Pérez, que rompeu as barreiras para nascer, a Igreja nasceu do Espírito e rompeu com a velha natureza para ser luz entre as nações.

3. Deus é Quem Escolhe

Humanamente, Zerá deveria ter recebido a primogenitura. Ele tinha o fio escarlate, o "sinal" humano de prioridade. Mas Deus permitiu que Pérez, o improvável, tomasse a dianteira.


“Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós” (João 15:16)


Deus frequentemente escolhe aqueles que o mundo ignora, exaltando os humildes e surpreendendo os orgulhosos.

Importância Genealógica e Profética

Pérez é um elo importante na linhagem messiânica. Dele descende Boaz (marido de Rute), depois Obede, Jessé e o rei Davi (cf. Rute 4:18-22), até chegar a Jesus. Isso demonstra que Deus não se limita pelas falhas humanas; pelo contrário, Ele as transforma em instrumentos para cumprir Seu plano eterno.


Conclusão

A história de Pérez e Zerá é mais do que um episódio curioso: é uma poderosa ilustração da graça redentora de Deus, da justiça que vem do alto, e do fato de que Deus usa quem Ele quer, como Ele quer. Tamar, Judá, Pérez e Zerá nos lembram que mesmo em meio à falha humana, Deus está tecendo uma história perfeita — a história da redenção em Cristo.

Que ao olharmos para essa genealogia marcada por cicatrizes, possamos entender que nossa história também pode ser redimida e usada por Deus para algo eterno.

16 Comentários

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  1. Foi benção esse comentário para nossas vidas. Obrigado

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  2. Muito lindo e profundo essa passagem.Deus abençoe

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  3. A mulher que faleceu, não teria sido a mulher de Judá!? ( JUDÁ NÃO TEVE FILHA!)

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  4. Que tremendo essa passagem... Até salvei , falou poderosamente ao meu coração ❤️

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  5. Excelente reflexão. Deus continue abençoando.

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  6. na Bíblia em Mateus Cap. 1 verso 3 que segue até o versículo 16 fala que Jacó gerou a José marido de Maria da qual nasceu Jesus que se chama o Cristo mas na realidade Jacó gerou a José do Egito porque eles colocaram dessa forma tem algum propósito? E outra dúvida Judá já era viúvo quando confundiu Tamar
    com uma prostituta e se deitou com ela?

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    1. São nomes iguais, porém pessoas diferentes.
      Jacó (Israel), filho de Isaque, neto de Abraão, gerou à José e seus onze irmãos. Esse é o José que governou o Egito nos tempos que antecediam ao tempo de escravidão do povo hebreu e a libertação do povo através de Moisés.
      Já nos tempos que antecediam ao nascimento de Jesus, houve outro Jacó que gerou à outro José, esse carpinteiro, marido de Maria, mãe de Jesus.

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  7. Você confundiu dizendo que a mulher de Judá era Sua. Na verdade Suá era o pai da cananita, sogro de Judá. O nome dela não foi mencionado.

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    1. Boa noite, para tentar responder seu questionamento, busquei alguns comentaristas e todos são enfáticos em dizer que Sua ou Suá era a mulher que foi tomada por esposa por Judá. Apenas para completar, ela era filha de um cananeu que as Escrituras não relatam nome.

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    2. Muitíssimo obrigado pelo comentário. Sua observação foi muito útil!

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    3. E viu Judá ali a filha de um homem cananeu, cujo nome era Sua; e tomou-a por mulher, e a possuiu (Gênesis 38:2).

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  8. Realmente, faço um comentário para ajudar aos irmãos que leram a narração do amado escritor. Sem querer aparecer, mas ajudar no ensinamento, Sua era filha do cananeu e foi ela (esposa de Judá) que morreu e não a filha de Judá, pois ele não teve filhas. Outra coisa que devemos reparar foi que o filho que nasceu com o fio roxo foi Zerá e não Perez. O relato e o ponto de vista do escritor devem ser respeitados e assim o faço com total estima e não quero jamais, com toda humildade, gerar nenhuma polêmica. Que o Senhor abençoe a todos.

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  9. A questão dos bebês tipifica também a igreja e o Israel político. Nós (igreja) não éramos primogênitos. Não tínhamos direitos. Israel era o primogênito, porém rejeitaram a benção e nós adquirimos, pela graça, a primogenitura de Deus.

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