Membro fiel da igreja de Colossos, Filemom mantinha em sua casa um pequeno grupo de crentes em Cristo e sua fé e amor eram conhecidos de todos. Apelando a este amor é que Paulo escreve a sua mais curta epístola, porém com uma mensagem carregada de um propósito grandioso. Ele se apresenta como “prisioneiro de Cristo Jesus” (v.1) a fim de ilustrar e reforçar seu apelo ao fiel irmão. Antes de ser convertido ao evangelho de Cristo, Onésimo havia fugido da presença de seu senhor Filemom.
O pedido de Paulo, portanto, exemplifica a tônica do evangelho de Cristo, que não faz distinção entre servos e senhores, “em nome do amor” (v.9).
Onésimo se propunha a retornar ao senhorio de Filemom e Paulo buscou certificar-se de que este o receberia da mesma forma que um pai receberia um filho que volta para casa. Ainda sim, Paulo assumiu como seu, qualquer débito que houvesse da parte de Onésimo e declarou que o perdão conferido a este servo lhe reanimaria o próprio coração. De escravo a “irmão caríssimo” (v.16), Onésimo experimentara o poder da Palavra de Cristo, que nos torna membros de um só corpo. Antes, não passava de um membro inútil, até ser encontrado por Jesus para fazer jus ao significado do seu nome: “útil” (v.11).
Com linguagem clara e amável, Paulo foi direto ao ponto, exortando Filemom a usar de misericórdia para com Onésimo, apesar de saber que ele faria bem mais do que o apóstolo lhe havia pedido (v.21). Vivendo entre cadeias e perseguições, Paulo sentia na pele os efeitos da rudeza humana. Como servos de um Senhor que nos liberta, somos chamados a agir de igual misericórdia não somente com os que se arrependem, como Onésimo, mas também com os que insistem em nos fazer mal, não sabendo eles que pior mal recai sobre eles próprios. Quando na cruz, sendo insultado e blasfemado, Cristo bradou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23:34). Quando apedrejado por seus algozes, Estêvão orou: “Senhor, não lhes imputes este pecado” (At 7:60).
Em Cristo, todos nós somos colocados no mesmo patamar de salvos pela Sua maravilhosa graça, e o que recebemos de graça, também devemos oferecer gratuitamente. Assim como a graça de Deus nos é um favor imerecido, o nosso amor de uns para com os outros não deve ser uma retribuição meritória, mas a atuação do Espírito Santo em nós, a fim de que nossa “bondade não venha a ser como que por obrigação, mas de livre vontade” (v.14). Como Paulo assumiu a conta de Onésimo, estamos nós dispostos a fazer o mesmo em favor de quem errou? Unicamente pela graça de Jesus temos acesso ao perdão divino. Mas se negamos o perdão de ínfima dívida, como esperamos que o Pai perdoe o nosso incalculável débito?
Cristo mesmo afirmou: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mt 6:14-15). O povo de Deus é chamado para ser perfeito como perfeito é o Pai celeste (Mt 5:48), e esta perfeição não tem a ver com cerimonialismo religioso, mas com a prática do amor imerecido. Lembremos de Judas, de como Cristo o amou até o fim, ainda que ele tenha selado a sua rejeição eterna. Lembremos de Pedro, que encontrou o amoroso olhar do Salvador, mesmo após tê-Lo negado por três vezes. Olhemos para Cristo, o Amor encarnado que a Si mesmo Se deu em favor de uma raça caída e destituída de qualquer mérito. Que este amor nos impulsione a amar como Ele nos amou, e a oferecer o perdão que constantemente Ele nos oferece.
“A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito” (v.25).
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