Quem foi DARIO, o Medo mencionado no livro de Daniel?

Dario, o Medo (Daniel 11:1),  “filho de Assuero, da descendência dos medos” (Dn 9.1). Quando tinha cerca de sessenta e dois anos de idade, sucedeu no reino ao rei caldeu Belsazar, depois da conquista de Babilônia pelas forças de Ciro. — Dan. 5.30,31. 

Durante seu breve reinado (538-536 a.C.), Daniel foi promovido para a mais alta posição (Daniel 6.1-2), mas, por causa da maldade de seus inimigos, ele foi lançado na cova de leões. 

Depois de seu livramento milagroso, um decreto foi emitido por Dario ordenando “reverência ao Deus de Daniel” (Daniel 6.26). Este rei era provavelmente o Astíages dos historiadores gregos. Nada pode, no entanto, ser afirmado com certeza a seu respeito. Alguns são de opinião que o nome “Dario” é simplesmente o nome de um cargo, equivalente a “governador”, e que o “Gobrias” das inscrições era a pessoa que o nome pretendia.


Contextos históricos e literários

O rei Dario, o Medo, nasceu em aproximadamente 601 ou 600 a.C., visto sua idade de 62 anos na ocasião da queda da Babilônia em 539 a.C. quando assumiu o trono (Daniel 5.31). De acordo com o registro biblico, foi ele que tomou o Império Neobabilônico, após assassinar Belsazar. Ele é chamado de filho de Assuero. Daniel prosperou, durante o seu reinado e o de Ciro, o persa. Ele organizou a Babilônia em 120 satrapias, e colocou, sobre estes sátrapas, três presidentes, um dos quais era o profeta Daniel. Os presidentes e sátrapas, porém, pediram a Dario que fizesse um decreto, para que, nos próximos trinta dias, quem fizesse uma petição a qualquer homem ou deus que não fosse o próprio Dario, fosse lançado à cova dos leões. Como Daniel continuou orando a Deus, três vezes por dia, foi jogado na cova dos leões, mas, no dia seguinte, ele ainda estava vivo, e Dario o tirou, e jogou na cova os homens que haviam acusado Daniel. Foi no primeiro ano do reinado de Dario, o medo, que Daniel entendeu a profecia dos setenta anos, que havia sido dita a Jeremias, e que Daniel recebeu a profecia das setenta semanas, que seria o tempo que duraria entre a palavra para restaurar o templo e a unção do Santíssimo. Outra profecia, também no primeiro ano de Dario, o medo, foi de que haveria três reis da Pérsia, e um quarto, mais rico que todos, que atacaria a Grécia, em seguida, apareceria um rei poderoso, cujo reino seria partido em quatro. Dario, em aramaico. é wedhoryáwesh. Tem origem no persa Dara, através do grego Dareios e do latim Darius, forma romana do nome persa Dārayavahush, formado pelos elementos Daraya, que significa “possuir” e vahu, que quer dizer “bens” e significa "rico, possuidor de bens".

Além da informação contida na bíblia, nada se sabe de definitivo sobre Dario, o medo. Nem mesmo o nome é encontrado nas inscrições antigas. Por isso, poderia perguntar-se: Se Dario existiu realmente, por que não é mencionado em fontes extra bíblicas? Era talvez conhecido por algum outro nome?


Carl Friedrich Keil e Franz Delitzch, em 1857-78, identificam Dario, o medo, com Ciaxares II, mencionado na Ciropédia de Xenofonte como o sucessor de Astíages; ele era tio de Ciro, o Grande (através de Mandane) e casou sua filha com Ciro. Por não ter filhos homens, ele entregou a Média para Ciro, e teria recebido a Babilônia como satrapia, aos sessenta e dois anos de idade. Cyrus Ingerson Scofield, em 1917, não conseguiu identificar Dario, o medo, nos textos seculares, porém, assim como no caso de Belsazar, que era desconhecido até o século XIX, ele supôs que novas descobertas acabariam revelando sua identidade. Ele tentativamente identifica Dario, o medo, com o general Gobrias, e não considera que Assuero, dado como pai de Dario, seja significativo, pois esta palavra significa Majestade, sendo um título genérico, e é usada na Escritura para, pelo menos, quatro pessoas diferentes. Porém, como Assuero é uma palavra persa, sua suposição é que assim como Ciro, Dario também seria descendente das casas reais tanto da Média quanto da Pérsia. Alguns empenharam-se em associar Dario com o filho de Ciro, Cambises II, mas isto não concorda com Dario ter “cerca de sessenta e dois anos de idade” quando Babilônia caiu. Do mesmo modo, o conceito de que Dario talvez fosse outro nome do próprio Ciro não se harmoniza com o pai de Dario ter sido medo. Nas Escrituras, Ciro é definitivamente chamado de “persa”. (Dan. 6:28) Embora sua mãe talvez fosse meda (conforme alguns historiadores antigos afirmam), seu pai, segundo o cilindro de Ciro, foi Cambises I, persa.


No livro Uma Nova Era Segundo as Profecias de Daniel (p. 104), o historiador Mervyn Maxwell faz referência a um tablete de barro conhecido como a Crônica de Nabonido. A informação contida no tablete é de que Babilônia foi atacada em 539 a.C. por um comandante militar identificado pelo nome Gubaru (Gobrias em grego), que era governador de uma província da Média. Ele conquistou o reino da Babilônia para Ciro, estabelecendo ali governadores. A conclusão a que Maxwell chegou é que Dario “era a mesma pessoa que Gubaru” e que governou na qualidade de rei local (Dn 6:6) de 539 até o outono de 538 a.C.


Mais recentemente, diversos eruditos favorecem identificar Dario com Gubaru (Gobrias), que se tornou governador de Babilônia depois da conquista desta cidade pelos medo-persas. Documentos antigos o mencionam como sendo o governante da Babilônia e da região além do rio Eufrates por pelo menos 14 anos. Basicamente, a evidência que apresentam é a seguinte:


Depois de falar sobre a entrada de Ciro em Babilônia, a Crônica de Nabonido declara que “Gubaru, seu governador, empossou (sub-) governadores em Babilônia”. Outros textos cuneiformes indicam que Gubaru governava uma região que abrangia basicamente o anterior Império Babilônico. Fala-se de Dario, o medo, como tendo sido “constituído rei sobre o reino dos caldeus” (Dan. 9:1), mas não como “rei da Pérsia”, forma regular de se chamar o Rei Ciro. (Dan. 10:1) Portanto, pelo menos pareceria que a região governada por Gubaru era a mesma que a governada por Dario. Visto que Gubaru não é em parte alguma chamado “Dario”, fez-se a sugestão de que “Dario” fosse seu título ou nome no trono. Em resposta à objeção de que as tabuinhas cuneiformes em parte alguma falam de Gubaru como sendo “rei”, os que advogam a identificação de Gubaru com Dario salientam que o título de rei tampouco é aplicado a Belsazar nas tabuinhas cuneiformes, embora o reinado lhe fosse confiado pelo seu pai Nabonido.


Em harmonia com isso, o Professor Whitcomb traz à atenção que Gubaru ‘empossou (sub-) governadores em Babilônia’, assim como Daniel 6:1, 2, mostra que Dario “estabeleceu sobre o reino cento e vinte sátrapas”. Whitcomb concluiu por isso que Gubaru, como governador de governadores, fora provavelmente chamado de rei pelos seus subordinados. — Darius the Mede, págs. 31-33. Em harmonia com o precedente, alguns eruditos acham provável que Dario, o medo, fosse um vice-rei, o qual, como subordinado do monarca supremo, Ciro, governava o reinado dos caldeus. Os que adotam este ponto de vista salientam que se diz que Dario “recebeu o reino” e que ele foi “constituído rei sobre o reino dos caldeus”, em evidência de que de fato era subordinado de um monarca superior. — Dan. 5:31; 9:1. Ugbaru foi o governador babilônico de Gutium (uma área intimamente associada à mídia em fontes babilônicas) antes de trocar de lado para os persas, e Ciro parece ter dado a ele a responsabilidade administrativa pela Babilônia após sua captura, mas ele nunca teve o título de "Rei da Babilônia ".


Os registros históricos não nos dizem nada sobre a nacionalidade ou a linhagem de Gubaru, não fornecendo assim nenhuma base para se confirmar que Gubaru de fato era “medo” e “filho de Assuero”. Não mostram que ele, como indica Daniel 6:6-9, tinha autoridade ao ponto de poder fazer um edito que tornava ilícito fazer uma petição a qualquer deus ou homem senão a ele mesmo, durante trinta dias. Além disso, as Escrituras parecem indicar que a regência de Dario foi comparativamente curta e que depois disso Ciro assumiu o reinado sobre Babilônia. (Daniel. 6:28; 9:1; 2 Crônicas. 36:20-23) Gubaru, no entanto, continuou no seu cargo por quatorze anos, segundo as inscrições cuneiformes. Não nos deve surpreender que Dario, o medo, não possa agora ser identificado positivamente. As centenas de milhares de tabuinhas cuneiformes desenterradas no Oriente Próximo ainda apresentam uma história muito imperfeita, deixando várias lacunas e vazios. E as narrativas dos historiadores Heródoto, Xenofonte, Ctésias e Beroso (conforme citado por Josefo) divergem todas, e em diversos pontos contradizem-se umas às outras a respeito do reinado de Ciro e dos acontecimentos em torno da queda de Babilônia e depois dela.


O estudo de 1935 de HH Rowley sobre a questão ( Dario, o Medo e os Quatro Impérios Mundiais de Dario, o Medo , 1935) mostrou que Dario, o Medo, não pode ser identificado com nenhum rei, e ele é geralmente visto hoje como uma ficção literária combinando o o histórico rei persa Dario I e as palavras de Jeremias 51:11 que Deus "incitou" os medos contra a Babilônia. 


A historicidade de Dario, o medo, naturalmente, não depende da confirmação de fontes seculares. A fidedignidade histórica da Bíblia foi repetidas vezes demonstrada por descobertas adicionais e se destaca em nítido contraste das narrativas muitas vezes contraditórias da história secular. Conforme observou o assiriologista D. J. Wiseman a respeito do registro de Daniel sobre Dario: “ . . . a narrativa tem todas as aparências de genuíno escrito histórico, e a ausência de muitos registros históricos deste período não é motivo para não se aceitar a história.” — The New Bible Dictionary, p. 293. Vale resaltar que anteriormente, Belsazar era um rei que antes só era conhecido nas páginas da biblia, no livro de Daniel. E antes, críticos duvidaram que ele, Belsazar, fosse alguém real. Hoje, todos os estudiosos já sabem que Belsazar realmente existiu e era o filho primogênio de Nabonido. Isso foi comprovado pela arqueologia.

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