Mateus, de cobrador de impostos a Apóstolo de Cristo

Mateus, também conhecido como Levi, é uma das figuras mais surpreendentes entre os doze apóstolos de Jesus. Sua trajetória de vida revela a graça transformadora de Cristo, capaz de redimir até os mais desprezados da sociedade. A história de Mateus é encontrada nos evangelhos, principalmente em Mateus 9:9-13, Marcos 2:13-17 e Lucas 5:27-32. Além disso, ele é reconhecido como o autor do Evangelho de Mateus.

1. Nome e Identidade

O nome "Mateus" deriva do hebraico Matityahu, que significa "dom de Deus". Nos relatos paralelos dos evangelhos de Marcos e Lucas, ele é chamado de Levi, filho de Alfeu (Marcos 2:14; Lucas 5:27). Acredita-se que Mateus fosse o nome que passou a usar após seu encontro com Jesus, como ocorreu com outros personagens bíblicos que receberam um novo nome ao serem transformados por Deus.

2. Profissão: Publicano

Antes de seguir Jesus, Mateus trabalhava como cobrador de impostos em Cafarnaum, uma cidade movimentada na Galileia (Mateus 9:9). Os publicanos eram vistos com grande desprezo pelos judeus, pois colaboravam com o império romano na arrecadação de tributos. Eram frequentemente acusados de corrupção, injustiça e traição.

Por isso, o chamado de Mateus foi escandaloso para muitos fariseus e religiosos da época — um sinal claro de que Jesus veio "chamar pecadores ao arrependimento" (Lucas 5:32), e não os "justos".

3. O Chamado de Jesus

O relato do chamado de Mateus é simples, mas profundo:

“Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria, e disse-lhe: Segue-me. Ele se levantou e o seguiu.”
(Mateus 9:9)

O gesto de Mateus, ao deixar tudo imediatamente para seguir Jesus, demonstra uma resposta radical de fé. Ele abandonou uma profissão lucrativa, mas desonrada, para seguir um Mestre que não oferecia riquezas terrenas, mas vida eterna.

4. O Banquete com Pecadores

Logo após seu chamado, Mateus ofereceu um banquete em sua casa para Jesus, onde estavam presentes outros publicanos e pecadores (Lucas 5:29). Esse episódio causou indignação nos fariseus, que criticaram Jesus por se associar com pessoas impuras.

Jesus então respondeu com uma das declarações mais poderosas do evangelho:

“Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. [...] Porque eu não vim chamar justos, e sim pecadores.”
(Mateus 9:12-13)

Esse momento destaca o espírito inclusivo e restaurador do ministério de Cristo.

5. Atribuição do Evangelho

Mateus é tradicionalmente reconhecido como o autor do Evangelho que leva seu nome. Embora o texto não afirme explicitamente sua autoria, a tradição cristã primitiva (como os escritos de Papias e Irineu) confirma essa atribuição.

Esse evangelho é notável por:

• Ser escrito com ênfase aos leitores judeus.
• Destacar Jesus como o Messias prometido, o cumprimento das profecias do Antigo Testamento.
• Contar detalhadamente os ensinamentos de Jesus, incluindo o Sermão do Monte (Mateus 5–7).
• Usar frequentemente a expressão: “para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta...”

6. Missão e Morte

A Bíblia não relata os detalhes da missão posterior de Mateus, nem sua morte. No entanto, a tradição da Igreja primitiva sugere que ele teria pregado em regiões como Etiópia, Síria ou Pérsia. Quanto à sua morte, as tradições divergem: algumas afirmam que teria morrido como mártir, enquanto outras apontam para uma morte natural.

Conclusão

A história de Mateus nos oferece algumas lições:

• A graça de Deus alcança até os mais desprezados.
• A resposta ao chamado de Jesus deve ser imediata e completa.
• O evangelho é para todos — inclusive para os marginalizados pela sociedade.
• A vida transformada por Cristo se torna instrumento de proclamação do Reino.

De publicano a apóstolo, de rejeitado a escritor sagrado, Mateus é prova viva de que Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos. Seu evangelho continua ecoando, revelando o Rei que veio servir e salvar: Jesus Cristo, o Filho de Deus.